domingo, 29 de maio de 2016

muito amor sempre

amor não tem palavras
amor tem toques
gestos

amor é sentir

Admirável mundo novo

E depois de todo o vazio
De todo o silêncio
Que se Fez do caos
De Shiva
Do fim

Reestrutura

Partículas micro
Imperceptíveis
Insistentes
Impossível impedir tudo de se mover
De ser formar
E a terra é repovoada
Cães protetores
Gatos acolhedores
Pássaros multicores
Peixes harmonizadores
Verdes folhas
Coloridas flores
Por que o deus criador deste orbe
É pacifico e acolhedor

Movemo-nos

E damos fim ao silêncio
Cantando um mantra

por Adrins
 renascendo

quinta-feira, 3 de março de 2016

segunda-feira, 5 de agosto de 2013

Ouvidos de ponta cabeça



Minha amiga não toma café, e seria sobre nossos falsos cafés que eu poderia escrever; os convites da força do habito. Do modo que ela sempre aceita o convite de tomar um café, ainda que nunca o tome. Mas naquele dia andamos por uma rua pouco iluminada e entramos em uma padaria pouco movimentada, não às moscas por questões de higiene... ou por conta de um morcego?!
Entrar em uma padaria e ouvir o bater de assas de um morcego, ainda que só esteja escurecendo é sentir-se assombrado ou em assombro. De modo que esqueço as etimologias do café e penso na biologia do morcego.
            As atendentes transfiguraram suas simpatias em faces brancas, e diante de seus temores e de minha segurança transformo-me na dona do território, elas atendem a tudo o que digo diante do olhar de aprovação de minha amiga. Apagamos as luzes para o pequeno alado seguir as luzes de fora, ele bate no vidro da janela. Sei que um morcego ao chão é um morcego morto, incapaz de iniciar um vôo sem um apoio, então o  acomodo em uma sacola e a suspenso na janela. Ele voa a procura de outras luzes ofuscantes em uma cidade cheia delas, para debater-se em outros lugares. Talvez tenha aprendido sobre as vidraças, talvez morra na seguinte.
As duas moças voltam a respirar, o mundo seguro novamente, nenhuma gota de sangue perdida ou derramada. Explico que ele poderia estar atrás das cerejas do bolo, mas não saberia o que fazer com pescoços. Minha amiga atesta meu conhecimento sobre o pequeno animal e elas perguntam sobre minha formação. Mas uma vez declarado que estudei letras não biologia toda a minha credibilidade está perdida. Os olhares são de desapontamento e incredibilidade. Há necessidades de mistérios na frágil linha entre o conhecimento e o a loucura. Diagnóstico assegurado apenas com papéis rigidamente preenchidos e de linguagem elaborada. 
Vivemos em um mundo inteiro que gira em torno de papéis; é verdade o que está escrito, o sagrado papel autodestrutível as inverdades. Tente registrar uma mentira que ele explode. Um mundo inteiro que esqueceu das descobertas empíricas dos primeiros filósofos tão guiados de sentimentos de assombro e desprovidos de letras. As mortes dos homens da caverna que deixam de ver sombras; é preciso dizer o que as pessoas esperam.  A segurança dos estudiosos que recriam o que devoraram sem nunca sentir como verdade ou mentira.
Uma vida tão de morcego, de ponta cabeça e de muitas luzes que mais confundem do que guiam. E uma vez perdidos ou quebramos a vidraça ou ela parte a nossa cabeça.

por Adrins em voos

segunda-feira, 17 de junho de 2013

O que eu tenho a dizer sobre a feira do livro de Jaraguá do Sul

Os novos livros da semana passada de chuvazul


          Escrevo da sétima não porque o sete é considerado número mágico, mas porque o sete é o número de feiras do livro que Jaraguá do sul já teve. No passado, pois quem não esteve na sétima feira do livro de Jaraguá do sul não estará mais; porque ela acabou.
        Quem não foi à sétima feira do livro de Jaraguá do Sul perdeu de aprender sobre Munduruku ouvindo o Daniel. Quem não foi à sétima feira perdeu de saber das histórias na voz da Adriana Calcanhoto. Que não foi a sétima perdeu de escutar poema russo declamado pelo Rubens Figueiredo. Quem não foi perdeu a voz de Badi Assad preenchendo todo um teatro e muitos corações. Quem não foi perdeu de ver celulares iluminando os toques ao piano do Zeca Baleiro. 
       Quem não foi perdeu de entrar nas histórias do Calistro entre a busca e o encontro de um e outro livro pelas tendas. De rir com os contadores encantadores das Cias na Maratona de Contos. De tomar café lendo livro ou falando deles com amigos (de ver sua criança do coração lutando entre ler o livro recém comprado e ouvir a história recontada).
      E perdeu momentos que letras não conseguem (ou não devem) contar. Por que há histórias vividas que são outras quando escritas (talvez em mais um livro?!) Quem não foi perdeu; tudo isso! e muito mais...  Momentos que também perdi, porque por mais que se tente não dá pra viver o dia todo ali.
Mas alguém não foi a sétima feira? E ao leitor mais desatento, que ao ler as palavras “feira” e “acabou” sentiu falta de ar, respire, porque a sétima feira acabou mas a oitava feira do livro de Jaraguá do Sul ainda nem começou e que a futura oitava seja logo o presente, pois ainda que não seja um número de magia vai continuar a carregá-la.

por Adrin, com mais livros que pode carregar

sábado, 25 de maio de 2013

sábado, 13 de abril de 2013

sementes que vêm aos pares





o amor nasce com quase nada

e cresce com pequenas trocas

tocas e toques


e a cada gentileza

e a cada delicadeza

o coraçao salta mais


e a cada rosto fechado

e a cada palavra-dor

algumas petalas caem


e se não houver sombra

e se não houver luz

até as folhas enfraquece


as raizes percistem a procura de agua

a soltura de magoas

por retornos dos primeiros dias


mas se os cuidados contruirem muros

como adubo posto em dia de sol

se queimará as raizes


em

fim

mas ainda que em pqueno vaso
com um pouco de tudo
com um quase nada o amor permanece

em
sims


por Adrins
em cultivos

segunda-feira, 21 de janeiro de 2013

amor de passarinhos em minúsculas e diminutivos



o canarinho vivia entre uma mangueira e um jardinzinho, porque por lá tinha tudo que precisava; migalhinhas para se alimentar, outros passarinhos para escutar, galhinhos para descançar e nenhuma gaiolinha para aprisionar. e em pouco pensava o canarinho até o "um dia" chegar.

"um dia":

o canarinho foi surpreendido por um canto novo na magueira e foi assim que ele conheceu a andorinha. ela descançava e contava sobre os lugares que voou e pousou, para as sabiazinhas e bem-te-visinhos. E a ouviu também o canarinho até o "então".

então:

o menor beija-florzinho logo percebeu uma nova fome no canarinho e deu jeito que dormissem no mesmo galhinho. não dormiram. pois assim pertinho; por muito ouviu o canarinho todas as histórias que a andorinha quis cantar. pois assim juntinho; por muito cantou a andorinha todas as histórias que conseguiu lembrar - até o raiar.

no fim da tarde se encontraram no mesmo galho e dormiram a andorinha e o canarinho, aquecendo-se com presenças. sem mais "então".

porque não?!

não construiram ninho; porque o inverno se aproximava e não eram dois canarinhos, e não eram duas andorinhas. o canarinho tinha o seu lugarzinho, a andorinha tinha o seu caminho.

e passou a andorinha, o seu outro verão, em outro jardim.
e passou o canarinho o seu inverno no seu jardimzinho.

quando mudou a estação no jardim do canarinho
quando deixou o outro jardim a andorinha

os dois se reencontraram

e encontraram confortavel galho, para cantar, ouvir e dormir.

o canarinho era feliz com a andorinha
a andorinha era feliz com o canarinho

e na mudança das estaçoes
o canario era feliz sem a andorinha
e na mudança de jardins
a andorinha era feliz sem o canarinho


até chegar um "porém" um pouco antes de um novo "então"



porém:

o que feriu o canarinho foi um gatinho que passeou pelo jardim, que pela sua natureza, seus olhos o cobiçaram e pos-lhe as unhinhas quando o canarinho abria as asinhas de fuga.

então:

a andorinha chegou, com um canto novo e feliz
em ver o canarinho
e o canarinho a escutou feliz
em ver a andorinha

apreciou o quanto sua dor permitiu. e por essa dor ouve um "quando".

quando:

o sol se abriu a andorinha pensava na distância e nas asas baixas do canarinho.
e o canarinho pensava no novo canto da andorinha
e em deixar as asas baixas para que a andorinha o visse como das outras vezes.
e a andorinha abaixou o canto para que o canario nao visse a sua tristeza pelo canario nao a receber como das outras vezes.

não aprendeu o canarinho a mostrar sua dor
não aprendeu a andorinha a reconhecer o amor

e por conta disso (e dos voos das saíras) a andorinha desaprendeu o caminho do jardim

e por conta disso ( e dos silêncios dos bicos-de-lacre) nao aprendeu o canarinho os caminhos da andorinha

e em novos verões há um canarinho e uma andorinha que não controem ninhos por causa de alguma coisinha, que nenhum pássaro ou passarinho sabe explicar ou quer pensar.

uma sabiazinha diz que o canarinho espera um canário chegar

um bem-ti-vizinho diz que a andorinha busca uma andorinha encontrar

um beija-florzinho diz que há passarinhos que são so(l)zinhos, vivem apenas para (en)cantar

mas a continuação dessa historinha só acontecerá
se um "_inho" à verso, um coração (desen)tocar







Por Adrins em diminutivos femininos de afeto




quinta-feira, 29 de novembro de 2012

Poema Pelo Mundo



Chove,

mas é verão.

Escuta Raul!

Eu sempre gostei da chuva...

mas tinha medo!



O céu muda de cor

e continua sendo o mesmo céu

ainda que de ponta cabeça.



A alma não altera com o corpo;

As pessoas não mudam.

Há pessoas que perdem o medo

de ser-ver.



Quanto mais terras se pisa

mais se descobre a si

não importam os hábitos das mãos

ou as cores nos olhos.

Importa o que faz com sua alma

e a do próximo

e nos próximos.



Sedas não saciam sedes

ou a falta de luz.

Que importa o calor no escuro?!

Com a luz, há sombras.

Mas elas acolhem em dias de sol.



Há sim

meus olhos tem mudado de cor....





por adrins em começos sem fim

segunda-feira, 5 de novembro de 2012

Nunca é tarde para ler


Para os que gostam de ler há belas ilhas para se visitar no mundo da ficção: histórias dos que se apaixonam pelos livros – pelo ato de ler. Histórias em que ha simplicidade. Histórias de quem descobre o prazer da leitura e passam a viver, também, de historias que se tornam suas.
Maria Valéria Rezende escreveu O voo da guara vermelha. Do desejo de Rosálio, ajudante de pedreiro analfabeto e viajante, de aprender a ler os livros que carrega em uma mala. Herança que não consegue decifrar. Quem lhe ensina é Irene, que lê pouco e nunca foi íntima dos livros, mas tem o conhecimento que ele precisa. Entender o significado dos símbolos que aos poucos vão perdendo seu mistério para revelar outros.
Hanna em O leitor, também tem admiração pelos livros, quer que Michael os leia todo o tempo. E deixa-se ser presa para não revelar seu vergonhoso segredo. A história de Hanna é, literalmente, de cinema. Daquelas que se chora muito ao assistir. Por anos ela está presa do mundo, mas livre para o outro, para aprender a ler na voz de Michel, gravada e enviada por correio.
Vovó Marcília teve contato com as letras nos primeiros anos, aprendeu a ler e a escrever. Mas depois precisou viver: Trabalhou, cuidou de cinco filhos... E iniciou nas leituras na melhor idade com histórias da neta publicadas em um singelo livro. Segui-se os jornais que encontrava no consultório ou guardados para iniciar o fogo à lenha. A neta não conseguiu escrever no ritmo dela, e lhe comprou mais livros. Vovó Marcília os lê e os pede. Cada vez mais leitora em seus 90 anos vividos e sofridos cuja história daria ao menos uma trilogia.
Contudo, vovó Marcília não vive nas historias. E por isso escrevo, por dois orgulhos; vovó Marcília (que já foi Pires de Lima e agora é Nieckarz) é real e, também, é minha vovó.
Ela é da terra: gosta de galinhas de angola, de legumes na horta, abobora assada e pinhão na chapa. Sempre tem chimarrão quente, no seu fogão à lenha. É certo que a visão das vovós incríveis nos dias de hoje está mais próxima a do Ziraldo (Vovó Delícia) vovó moderna e independente. Pois julgo essa vovó muito mais incrível; enfrenta as adversidades da vida com resignação, saboreia a terra que a cerca, aceita a dependência das duas filhas que moram com ela, nas pequenas coisas que a sua idade exige. E aproveita o que tem de melhor em sua vida - o carinho da família, dos amigos, dos vizinhos de interior.
Agora Vovó Marcília caminha pouco, mas viaja muito, embarcada nos livros. E segue lúcida e amorosa lembrando a família, também, das dores, mas principalmente das alegrias da vida. E por alguns instantes realizo este meu pequeno desejo, que minha vó Marcília, em seus 90 anos de realidades leia estas poucas linhas sobre ela. Linhas que escrevo com todo meu amor e orgulhoso parabéns de neta: pelos seus muitos anos de vida e pelos seus poucos anos de leitora.
Parabéns minha vovó Marcília Nieckarz pelos anos vividos e pelas leituras! E seguimos te amando...


por Adri.n.s em singela homenagem também aqui